Impasse envolvendo o BRT pode estar perto do fim; entenda

24/07/2015 - Tribuna da Bahia

Quando a presidente Dilma Rousseff anunciou o aporte financeiro em 2013 de R$ 600 milhões para o BRT de Salvador, projeto considerado o carro-chefe da gestão do prefeito ACM Neto (DEM), a petista classificou o democrata como grande parceiro dos governos estadual e federal. De lá para cá, os recursos que deveriam sair do Orçamento da União e do financiamento por meio da Caixa Econômica Federal se tornaram lenda. O prefeito ACM Neto, virtual adversário da ala petista no ano que vem na disputa pela prefeitura de Salvador, tem peregrinado por Brasília em busca da liberação dos recursos. Com a promessa da presidente Dilma de anunciar os investimentos dessa vez, a novela poderá ter um capítulo findado.

O gestor democrata anunciou seu projeto em outubro de 2013, dez meses após assumir a gestão, e a partir de então tem assistido às promessas do governo federal para liberar os recursos, como a feita pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab no mês passado. Como foi mostrado por reportagem da Tribuna em junho, um dos entraves colocados pelo governo federal foi a ausência de um plano de mobilidade por parte da prefeitura de Salvador. A falta do documento impede a liberação dos recursos da ordem de R$ 514,8 milhões destinados à obra do BRT. Fábio Mota, secretário de Mobilidade Urbana da capital baiana, estranhou a análise por parte do Ministério das Cidades.

"Quando o pedido foi feito ao ministério, não tinha exigência de ter o Plano de Mobilidade Urbana. Essa exigência é nova. O nosso pedido é anterior a todo esse tipo de exigência, mas, mesmo assim, entendo que essa exigência também está sanada porque o nosso Plano de Mobilidade está sendo realizado, está em processo de licitação e fica pronto em dezembro", afirmou o titular da Semob.

Já neste mês de julho, quando surgiu a informação de que o governo iria lançar o edital de construção do VLT orçado em R$ 1,1 bilhão, a prefeitura assistiu ao avanço do projeto do governo estadual sem nada entender. Agora, com a sinalização positiva da presidente Dilma, o seu projeto poderá entrar em operação, no entanto, sem a previsão de entregar antes das eleições de 2016. Sua meta era iniciar as obras do corredor em 2014 e concluir em dois anos e meio. A proposta da via exclusiva é sair da Lapa, passando pelas avenidas Vasco da Gama, Juracy Magalhães e Antônio Carlos Magalhães e terminar na ligação Iguatemi-Paralela.

O retorno de Dilma para falar de investimentos ao BRT é visto pelo vereador Cláudio Tinoco (DEM), 1º vice-líder do Democratas na Câmara de Salvador, como algo "requentado" pela presidente que já havia prometido os recursos há dois anos. "Uma visita atrasada, sobretudo naquilo que compete ao BRT, porque já tem mais de dois anos que ela veio a Salvador e disse que daria todo o apoio ao projeto e na verdade tem menos de um terço do investimento que depende dela, que são os recursos federais. Um ano depois dessa promessa dela foi que a Caixa Econômica Federal foi autorizada a requerer os documentos da prefeitura para iniciar análise do projeto e que criou a perspectiva de firmação de um contrato", criticou o legislador, que classifica a visita da presidente uma ação em busca do resgate da popularidade. "Ela já deveria ter tomado essa atitude há mais tempo. No meu entendimento, é mais uma tentativa de melhorar a sua imagem e a do seu governo que está desgastada, sobretudo na região Nordeste, e mais especificamente na Bahia onde saiu vencedora da última eleição", analisou Tinoco.