Indefinicao do modelo de transporte para a Copa

Estado não decidiu se usará ônibus ou monotrilho nos corredores exclusivos que serão implantados até o ano de 2014. Técnicos afirmam que escolha tem influência direta no preço e execução de obras

31/03/2011 - Jornal do Commercio, Roberta Soares
betasoares8@gmail.com

Os corredores de transporte escolhidos anteontem como prioritários para a mobilidade da Região Metropolitana do Recife visando a Copa de 2014 ainda não têm definido o tipo de modal, ou seja, qual o veículo que será utilizado neles. Até agora o governo do Estado não decidiu se usará o ônibus, através do Bus Rapid Transit (BRT) - o mesmo modelo implantado em Curitiba (PR) -, ou o monotrilho (monorail) - que custa bem mais caro e prevê um veículo montado ou pendurado sobre um único trilho, elevado por colunas de concreto. A ausência de definição é minimizada pelo governo, mas no setor de transporte é vista como algo preocupante por ter influência direta no custo e na execução dos corredores.

Oficialmente, o Estado inscreveu o BRT como o modal a ser usado nos quatro corredores propostos, como forma de garantir a habilitação para obter recursos do PAC da Mobilidade. Mas a decisão sobre o tipo de veículo só deverá ser tomada na próxima semana ou até o dia 22 de abril, prazo final para os Estados defenderem suas propostas em Brasília. Ontem, o secretário das Cidades saiu em defesa da estratégia adotada pelo governo, argumentando que uma possível mudança de escolha de modal não trará prejuízo para a execução dos corredores ou para a imagem de Pernambuco. “Caso venhamos a optar pelo monotrilho em algum dos projetos, por exemplo, ele passará a ser viabilizado através de PPP (Parceria Público-Privada), ou seja, não precisará estar incluindo no PAC da Mobilidade. Optamos pelo BRT porque tínhamos que definir um modal, já que o prazo para habilitar os projetos vence domingo”, explicou.

Danilo Cabral afirmou que, com exceção do Corredor da BR-101, também chamada de IV Perimetral, todos os outros três corredores têm possibilidade de receber tanto o BRT como o monotrilho. “Eu não vou antecipar essa discussão sobre o tipo de modal. Ela ainda está sendo estudada pelos técnicos e será decidida pelo governador Eduardo Campos, juntamente com a Prefeitura do Recife. O que podemos afirmar, pelo menos por enquanto, é que os estudos apontam que o BRT é o ideal para o Corredor da 101”, disse.

Os projetos de transporte escolhidos como prioritários são a duplicação e reforma da II e IV Perimetrais (que inclui o corredor de ônibus da BR-101), e a implantação dos corredores Leste-Oeste, Norte-Sul e da Avenida Norte. Os quatro, juntos, representam um montante de R$ 1,8 bilhão. Além deles, foi incluído o projeto de navegabilidade dos Rios Capibaribe e Beberibe, com custo R$ 549 milhões. O corredor da Avenida Norte seguirá do Terminal Integrado da Macaxeira até o Centro do Recife. O Leste-Oeste compreenderá o trecho entre a Praça do Derby e o final da Avenida Caxangá, na Várzea. Já o corredor Norte-Sul terá viabilizada apenas a primeira etapa, com início no Terminal Integrado de Igarassu, seguindo até o Terminal Integrado de Joana Bezerra. A segunda etapa, sem data para ser executada, chegará ao Terminal de Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes.

IMAGEM

Apesar das explicações do secretário Danilo Cabral, o fato de o governo do Estado ainda não ter definido qual o tipo de modal que será usado em três dos quatro corredores não agradou ao setor de transporte. “O Brasil já foi criticado pelo presidente da Fifa (Federação Internacional de Futebol), Joseph Blatter, por estar mais atrasado do que a África do Sul nos preparativos para a Copa. Aí enviamos projetos sem definir exatamente qual o tipo de veículo que será usado. Acho muito ruim para a imagem de Pernambuco, sem falar que as mudanças poderão gerar novos custos. Um BRT, por exemplo, tem valor completamente distinto de um monotrilho. O certo é que enviemos projetos detalhados, que nos qualifiquem”, criticou um técnico em transporte, que preferiu não ser identificado.

Danilo Cabral, por sua vez, garantiu que o Estado está apresentando propostas com detalhamento de projeto básico. Alguns, inclusive, já com projeto executivo pronto, como é o caso do Corredor Norte-Sul. “Estamos mais do que qualificados. Nossas propostas prezam, inclusive, pela integração entre os modais. Temos tratado tudo com muita responsabilidade”, garantiu. Nos bastidores comenta-se que o governo ainda não bateu o martelo sobre o tipo de modal porque está tentando viabilizar a proposta de monotrilho, elaborada pela Construtora Odebrecht, para, ao menos, o Corredor Norte-Sul. Técnicos em transporte defendem o BRT, alegando que o monotrilho é quatro vezes mais caro do que o ônibus e a tecnologia não se adequa ao transporte de massa, sendo mais recomendado em operações turísticas.

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